Notícias

Homenagem aos ex-presidentes - Dr. Helencar Ignácio - 52ª Diretoria – 2009/2011

De sua época de presidente da SMC, das suas experiências, o que mais ajudou-lhe depois na sua trajetória?

Dr. Helencar Ignácio - O que mais me ajudou foi ter realmente se engajado na luta pela classe médica. E esse fato abriu as portas para continuar na APM regional por meio da diretoria da oitava região da administrativa por dois mandatos consecutivos. Essa luta pela valorização médica influenciou direta e indiretamente nas gestões tanto do Departamento Pessoal da Famerp, durante dez anos até hoje, quanto como vice-diretor da Faculdade, cargo que atualmente ocupo. Também me deu um estímulo muito grande para assumir o Conselho de Administração da Unimed de São José do Rio Preto, primeiramente, como diretor e depois como presidente. 

Estas facetas múltiplas, combinando o setor público e privado, também colaboraram para o recebimento de outros convites ligados à gestão, alguns recusados por absoluta incompatibilidade na agenda, e outras que me renderam grande repercussão e satisfação como, por exemplo, fazer parte da equipe de transição do atual governo do Estado. 

Minha passagem pela APM Regional São José do Rio Preto, primeiramente, como tesoureiro e, posteriormente, como presidente, realmente significou um marco decisivo em minha carreira pessoal e profissional, tendo uma gratidão eterna a essa instituição, da qual ainda faço parte. 

O senhor lembra algum feito marcante da sua gestão e que ainda hoje, quando olha, vê marcas do possível legado que deixou?

Dr. Helencar Ignácio - Dentre outros, aponto a abertura da APM Regional para entrada de estudantes de medicina, propiciando o rejuvenescimento do quadro societário e preparando estes médicos mais jovens para assumirem futuras posições, futuros quadros de liderança na SMC. Esta decisão permanece até os dias atuais, o que corrobora com a assertividade desta ação que nós tivemos. 

Nossa gestão também iniciou o processo de acessibilidade na Sociedade de Medicina, realizando obras que permitiram ou facilitaram o trânsito de pessoas a área das piscinas e o anfiteatro e neste, iniciou-se a instalação do elevador. 

A medicina se transforma dia a dia. Em termos de associativismo, o que o senhor enxerga de diferente agora e quais suas perspectivas no futuro?

Dr. Helencar Ignácio - Infelizmente, houve uma abertura indiscriminada de escolas de medicina, das quais a maioria não oferece qualidade na formação dos estudantes, muitas vezes, sem corpo docente devidamente qualificado, sem hospitais-escolas e sem vagas suficientes na residência médica para absorver a demanda de mais de 40 mil médicos que se formam por ano nestas quase 400 faculdades de medicina hoje existentes. 

Hoje, o cenário para o exercício da medicina é muito mais desafiador e, além do desequilíbrio na distribuição médica entre as várias regiões do país, nos médios e grandes municípios, o médico depende cada vez mais de plantões, geralmente mal remunerados e subempregos, distanciando-se cada vez mais do consultório privado. 

Apesar da tecnologia e inovação estarem cada vez mais presentes em nossa prática médica, oferecendo a oportunidade de teleatendimento, teleinterconsulta, saúde digital e avaliação da jornada do paciente, a inteligência artificial já está influenciando e vai influenciar cada vez mais o futuro de várias especialidades. Como perspectiva, vejo com otimismo para os bons profissionais, bem formados, pois todos estes fatores irão favorecê-los e serão mais respeitados, especialmente procurados com mais afinco pelos pacientes. Com o envelhecimento populacional e com a ajuda da tecnologia e inovação, pacientes nunca deixarão de frequentar os nossos consultórios. 

O que o senhor gostaria de ver em nossa SMC e que ainda não foi realizado? Alguma sugestão para as futuras diretorias?

Dr. Helencar Ignácio - Como sugestão, incluiria cursos de gestão, de saúde digital e financeiro para os médicos. O fato é que precisamos preparar o jovem médico para esta nova realidade, para este futuro desafiador. 

Qual sua avaliação da atuação da classe médica e suas entidades representativas para a melhoria da saúde pública e suplementar no Brasil? Há algo mais que possa ser feito?

Dr. Helencar Ignácio Devido a estes cenários, as entidades estão mais atuantes, no entanto, vejo com preocupação os médicos mais jovens pouco engajados institucionalmente, em todos os sentidos, no CRM, nas sociedades de especialidades e nas instituições ligadas à defesa da classe médica. Existe uma dificuldade de filiação, inclusive nas sociedades que defendem o próprio médico, como a APM e a AMB. Como ação, acho que o único caminho por parte dessas entidades médicas para a melhoria da saúde pública e se suplementar é defender a população, exigir melhores condições de trabalho, como planos de carreira e salários, por exemplo, e proteger os pacientes do mau profissional. O caminho é informar e perseverar, sempre.