Defesa de Classe

Não precisamos de mais faculdades de medicina

Dr. Rodrigo José Ramalho

 A prática da medicina no Brasil enfrenta desafios crescentes. O principal deles é uma ameaça silenciosa e extremamente preocupante: a abertura desenfreada de faculdades de medicina. Essa expansão indiscriminada, muitas vezes movida por interesses econômicos e não pela real demanda social ou pela qualidade da formação, coloca em risco a excelência e a segurança do exercício da nossa profissão.

 Nesse número da nossa revista você pode ler duas matérias que externam essa preocupação, com números impressionantes. Essa expansão desenfreada deveria ser acompanhada por políticas públicas que garantissem condições de ensino adequadas, assim como as respectivas vagas de residência, porém a realidade é assustadora. Em diversas instituições, faltam hospitais-escola, corpo docente qualificado e laboratórios estruturados. Como resultado, muitos estudantes são formados sem a devida capacitação, o que compromete o atendimento à população e a confiança no sistema de saúde. Pior, não conseguem se qualificar por meio da residência médica.

Além disso, a prática da medicina, por sua natureza, exige mais do que conhecimento técnico. Requer experiência prática sólida, ética, empatia e responsabilidade. A formação médica não pode ser tratada como um negócio. Ao mercantilizar o ensino, o país negligencia a complexidade do cuidado à saúde e o impacto que profissionais mal preparados podem causar na vida dos pacientes. Ainda, em muitas localidades não há corpo docente qualificado para tal responsabilidade.

Os médicos que já estão no mercado enfrentam a pressão adicional de corrigir falhas do sistema, lidando com ambientes sobrecarregados e, por vezes, com colegas que ainda não possuem a maturidade técnica para atuar com autonomia. A consequência desse cenário é um aumento do risco de erros médicos, a degradação da imagem da profissão e um maior desgaste para todos os envolvidos. É urgente repensar as políticas de abertura de faculdades de medicina. A expansão do ensino médico deve ser pautada por um planejamento estratégico, que considere as necessidades de cada região e respeite critérios rigorosos de avaliação, fixando o médico formado na sua área e obtendo uma melhor assistência para a população. Mesmo nesse contexto, comemoramos em outubro o mês dos médicos, finalizando com um ótimo churrasco em uma tarde em que revimos velhos amigos. Importante salientar nossas parcerias que propiciaram essa festa: Audi Center Rio Preto, Ecori, Sisprime, Simon Presta e Hospital Beneficência Portuguesa. Até dezembro no já tradicional evento de chegada do Papai Noel. Tragam seus filhos e netos. Até lá!

Dr. Rodrigo José Ramalho, presidente da Associação Paulista de Medicina Regional de Rio Preto