Empreender na Medicina
Dra. Mariane Ribeiro Spotti
Estes anos há frente de negócios me mostraram, com clareza,
que para o médico empreender, no entanto, há requisitos essenciais.
O primeiro passo, imprescindível e determinante para o
futuro do médico e do seu negócio, é o autoconhecimento. O médico deve fazer
uma autoanálise para concluir se possui a veia empreendedora. Se não tiver, ok.
Ser um excelente médico já é maravilhoso.
Ao concluir que possui também a vocação para administrar um
negócio, o médico deve investir na sua formação, em uma especialização, porque
as escolas de medicina não possuem disciplinas voltadas a este campo da vida. É
preciso, portanto, buscar o conhecimento em outras fontes acadêmicas e cursos
de especialização, como um MBA de gestão, por exemplo. É muito importante, no
entanto, esta formação por si só não fará do médico um empreendedor.
É na escola da vida empresarial que ele forjará este seu
lado.
O próximo passo imprescindível para empreender é cercar-se
de um time de profissionais especialistas em diversas áreas da gestão, com
financeira, jurídica, de recursos humanos etc. Por mais que tenha tino e
formação para gerir um negócio, o médico deve ter a humildade de admitir que
não sabe de tudo. Mesmo com o passar dos anos.
O médico deve sim ser o maestro da orquestra, ter claros os
objetivos do seu negócio, seja um consultório, clínica, centro médico, e visão
do seu futuro no horizonte de curto, médio e longo prazo. O que nós queremos
para os nossos negócios? Esta visão é fundamental para desenvolver o
planejamento estratégico junto com seu time de lideranças. Se o médico quer ter
o seu consultório com uma secretária durante a existência de seu negócio, ok. O
importante é ter claro onde se quer chegar e construir esta caminhada.
Claro que olhar somente para dentro do negócio não é
suficiente. Fundamental ter a visão do macro, ou seja, do que acontece na
economia do país e do mercado onde atua.
Não vejo nenhum negócio que se possa começar sem ter pelo
menos um médio longo prazo, porque senão não se consegue fazer nem a estratégia
para alcançar os objetivos. É muito arriscado começar um negócio mirando o curto
prazo – um, dois, três anos. Ainda mais em nossa área. Nada na medicina é para
amanhã.
Por isso, elaborar o planejamento estratégico da empresa é
condição inestimável à existência do negócio. O empreendimento médico que não
faz seu planejamento pelo menos anual e não o revisa a cada seis meses corre
sérios riscos.
Outro ponto nevrálgico já há um bom tempo, indispensável ao
sucesso do negócio é a eficiência – ser competente, produtivo, de conseguir o
melhor rendimento com os menores custos e mínimo de erros. Este aspecto
tornou-se ainda mais imperioso nos últimos anos.
Uma empresa só fecha a conta e gera lucro todo mês se
cumprir este requisito. Temos que nos tornarmos cada vez mais eficientes, desde
nossa atuação como médicos até a estrutura e funcionamento de nosso
consultório, clínica ou empresa como um todo. Só ficará de pé a empresa médica que
for eficiente. O que pressupõe cortar custos, ao mesmo tempo em que oferece atendimento
e serviços de qualidade.
Existe o ideal e o possível. O empreendedor tem que ter esta
percepção também. Como empresário, deve fazer com que o seu negócio ofereça o
melhor possível e atenda as expectativas dos clientes porque a competição está
cada vez mais acirrada e a fatia de brasileiros com condições de remunerar
nossos serviços pelo justo valor é cada vez menor. O país e a população estão
empobrecendo.
Não adianta ficar floreando. Não há mais espaço para amadorismo e ineficiência, sobretudo, na medicina. Daí a importância crucial do momento em sua vida no qual o médico se pergunta: quero empreender? Sou um empreendedor?