Demografia Médica no Brasil confirma distribuição desigual no país e que mulheres serão maioria
O Ministério da Saúde, a Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP) e a Associação Médica Brasileira (AMB) lançaram,
no final de abril, o estudo Demografia Médica no Brasil 2025 (DMB), o mais
completo levantamento já realizado sobre a oferta, a formação, a especialização
e o exercício profissional dos médicos no país.
Entre dezenas de dados levantados, o estudo inédito
evidencia a maior concentração de médicos especialistas na rede privada de
saúde e a distribuição desigual no país e confirma que, pela primeira vez,
as mulheres se tornarão maioria entre os médicos no Brasil.
O estudo completo pode ser acessado no link:
https://drive.google.com/file/d/1MeNvEhsGEgHIqWCjRkYorKmGYWVgL2mu/view
“O objetivo da Demografia Médica é fornecer uma base
empírica compartilhada para o debate sobre os diversos desafios enfrentados
pela medicina e pelo sistema de saúde. Queremos produzir e divulgar evidências
que possam apoiar a formulação e execução de políticas públicas voltadas ao
fortalecimento do SUS”, explica Mário Scheffer, coordenador do estudo e docente
do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (FMUSP).
Em dezembro de 2024, o Brasil contava com 353.287 médicos
especialistas, o que representa 59,1% do total de médicos registrados. Os
demais 244.141 (40,9%) eram generalistas, graduados em medicina, mas sem título
de especialista. Entre as 55 especialidades regulamentadas no Brasil,
sete delas concentram 50,6% do total de especialistas: Clínica Médica,
Pediatria, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Anestesiologia,
Cardiologia e Ortopedia e Traumatologia.
No Brasil, a parcela de especialistas (59,1%) em relação ao
total de médicos está pouco abaixo da média dos países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 62,9%. O estudo revela
que 63,7% dos títulos em especialidades foram obtidos por meio da Residência
Médica, enquanto 36,3% foram concedidos por exames de titulação pelas
sociedades médicas vinculadas à Associação Médica Brasileira (AMB). Entre os
médicos especialistas, a maioria (79,1%) possui um título, enquanto 20,9%
acumulam dois ou mais títulos em diferentes especialidades.
Apesar do crescimento, a distribuição dos especialistas no
território nacional é desigual. O percentual de especialistas em relação ao
total de médicos varia de 72,2% no Distrito Federal e 67,9% no Rio Grande do
Sul a 46,5% em Rondônia e 45,1% no Piauí. A região Sudeste concentra 55,4% de
todos os médicos especialistas, seguida pelas regiões Sul (16,7%), Nordeste
(14,5%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte (5,9%).
MULHERES SÃO MAIORIA NA MEDICINA NO BRASIL
Pela primeira vez, as mulheres se tornarão maioria entre os
médicos no Brasil. Já em 2025, irão representar 50,9% do total de
profissionais. Esse aumento é expressivo em comparação com 2010, quando elas
correspondiam a 41% da população médica. As projeções indicam que, até 2035, as
mulheres serão 56% do total de médicos no país.
No ensino de Medicina, a presença feminina também tem
crescido. Em 2010, as mulheres representavam 53,7% dos matriculados nos cursos
de graduação, número que subiu para 61,8% em 2023. Entretanto, elas predominam
em apenas 20 das 55 especialidades médicas - a Dermatologia lidera o ranking,
com 80,6% das mulheres.