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Medicina tecnológica humanizada é possível?

Dr. Marcelo Lúcio de Lima 

Teoricamente o desenvolvimento da tecnologia na medicina alicerça-se em trazer benefícios para pacientes e seus familiares, proporcionando uma medicina individualizada, com foco no paciente, preditiva, analítica e proativa. Aperfeiçoando a qualidade dos serviços de saúde, otimizando os resultados e diminuindo os custos.
Inúmeras ferramentas estão sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas como a telemedicina, a inteligência artificial, a cirurgia robótica, a genética molecular e a nanotecnologia, por exemplo. E é claro que a medicina incorporou todas essas inovações.
Tais inovações permitem pesquisas rápidas, recuperação e correlação de dados, organização de bancos de dados qualificados, previsões quanto ao risco de doenças, cálculo de dose correta de medicamentos, atendimento à distância, monitoramento remoto de pacientes em tempo real, com sensores dentro ou sobre o corpo dos pacientes, evitando eventos graves como, por exemplo, infarto e AVC, sem contar os tratamentos personalizados e a realização de cirurgias à distância.
Procedimentos técnicos padronizados e automatizados, contudo, fomentam a ideia de que as inovações tornam a relação médico-paciente cada vez mais distante (fria).
No atendimento humanizado, o tratamento é individualizado, considera a pessoa como um todo, o cuidado é realizado com empatia, atenção e acolhimento integral ao paciente e sua família. Há respeito com a intimidade e com as diferenças, transmitindo confiança, segurança e apoio.
A tecnologia não dispensa, e nunca dispensará, a relação humana no exercício da medicina.
As automatizações de tarefas trarão mais tempo livre às equipes e poderão redirecionar seus esforços para a personalização dos atendimentos. Isso resultará em uma assistência mais acolhedora e empática, o que é essencial para favorecer a experiência do paciente e garantir o engajamento nos tratamentos indicados.
A Associação Paulista de Medicina – Regional de São José do Rio Preto corrobora com a incorporação de novas tecnologias, mas é essencial buscar, com eficiência e humanidade, ajudar o próximo a elucidar o seu problema e direcionar da melhor forma possível o tratamento de suas doenças, com consideração, compaixão e benevolência.

Dr. Marcelo Lúcio de Lima é médico o coloproctologista, delegado eleito junto à Associação Paulista de Medicina.