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Inteligência artificial na medicina e o resgate da empatia

Dr. Luiz Fernando Dal Col

 

A inteligência artificial (IA) está transformando a medicina ao oferecer diagnósticos precisos, personalização de tratamentos e otimização de tarefas administrativas. Ferramentas como algoritmos de aprendizado profundo aumentam a acurácia em análises de imagens, proporcionando diagnósticos mais rápidos e precisos. Além disso, assistentes de IA automatizam tarefas burocráticas, como preenchimento de prontuários, permitindo que médicos concentrem mais tempo no cuidado direto ao paciente.

Assim, o papel do médico mudará gradativamente, deixando de ser apenas um técnico para atuar como líder clínico, com maior foco em habilidades interpessoais e na gestão de decisões.

Porém, surge a questão: até que ponto a tecnologia pode substituir o toque humano? Apesar dos avanços, a empatia, essencial para criar vínculos de confiança e promover conforto, continua sendo insubstituível. Enquanto a IA processa dados com precisão, não é capaz de compreender nuances emocionais e culturais ou responder às necessidades humanas de maneira calorosa. Estudos mostram que a empatia melhora a adesão ao tratamento e reduz o estresse dos pacientes, tornando-a indispensável no cuidado médico.

Embora a inteligência artificial traga eficiência e inovação, sua incapacidade de captar emoções no contexto humano, reforça a necessidade de o médico exercer sua empatia. Essa habilidade vai além de ouvir, inclui captar medos e ansiedades não verbalizados, elementos que tornam o cuidado mais humano. Grandes nomes da medicina, como William Osler, destacam que cuidar do paciente é tão ou mais importante quanto tratar a doença. Assim, a combinação dessas habilidades cria médicos completos.

Assim dizia São Francisco sobre a atividade médica:

- O homem que executa seu trabalho com as mãos é um trabalhador.

- Aquele que trabalha com as mãos e o cérebro é um artesão.

- Já aquele que trabalha com as mãos, o cérebro e o coração é um artista.

Essa é a arte de ser médico, a mão no exame clínico e no ato cirúrgico, o cérebro no constante estudo e atualização e o coração no atendimento e compreensão do sofrimento humano.

Para alcançar um equilíbrio entre IA e humanização, médicos podem: usar a tecnologia conscientemente, mantendo o contato direto com pacientes; investir em treinamentos para melhora da comunicação; entender os limites éticos da IA; humanizar o ambiente clínico com gestos simples, como sorrisos e contato visual; e praticar o autocuidado para manter o equilíbrio emocional.

A evolução da medicina depende desse equilíbrio entre a eficiência tecnológica e a conexão humana, garantindo que o avanço da IA complemente, e não substitua, o toque humano essencial no cuidado médico.

 

Dr. Luiz Fernando Dal Col é cardiologista e diretor esportivo da Associação Paulista de Medicina – Regional de Rio Preto.