Pesquisa APM / AMB: 80,6% dos médicos sofrem restrições por parte de planos de saúde
A pesquisa “Os médicos brasileiros e os planos de saúde”, realizada pela Associação Paulista de Medicina (APM) e Associação Médica Brasileira (AMB), traz dados inéditos e preocupantes sobre a intervenção das operadoras no dia a dia da assistência suplementar. Os números evidenciam que as empresas impõem uma série de entraves à autonomia profissional, com prejuízos à qualidade da Medicina e, consequentemente, ao atendimento em saúde de pacientes/usuários.
Acesse a pesquisa clicando neste link /img/imagem_e474add004c75bcd252b0e02f7bfa7ce.
Participaram
do levantamento 3.043 médicos de todo o País. Eles responderam a questionário
por meio da ferramenta SurveyMonkey, entre os dias 25 de fevereiro e 9 de
março, possibilitando um retrato muito fiel das relações da rede complementar. A
margem de erro é de dois pontos percentuais.
Em
um parâmetro geral, a pesquisa mostra que, dos mais de 3 mil entrevistados,
70,1% atendem planos de saúde, sendo que destes, 55,3% mantêm essa relação há
mais de 20 anos. A maioria (51,7%) trabalha com 5 planos ou mais, enquanto
21,7% atuam com apenas um.
Por
intermédio do levantamento, vem à tona um dado estarrecedor: 88,3% dos médicos
relatam que já presenciaram pacientes abandonarem tratamentos por conta de
reajustes no valor das mensalidades das operadoras.
São
altíssimas igualmente as estatísticas que denotam abusos por certos planos de saúde.
Para se ter uma ideia da gravidade, basta registrar que 80,6% dos pesquisados dizem
sofrer ou já ter sofrido pressão e restrição a pedidos e autorizações para
exames. Além disso, 53% relatam tentativas ou interferências nos tratamentos
propostos às vezes ou com frequência.
No
mesmo sentido, 51,8% dos médicos afirmam que operadoras criam dificuldades para
a internação de pacientes.
Mudança na lei dos planos de saúde: o que pensam os médicos?
A
pesquisa também traz a percepção dos médicos sobre o Projeto de Lei 7.419/2006, em tramitação
no Congresso, que visa mudar a Lei 9.656/1998 – a chamada Lei dos Planos de
Saúde.
Cerca
de 8 a cada 10 participantes do levantamento (mais especificamente, 77,1%) consideram
a propositura negativa, em diferentes níveis.
Ainda
sobre o PL, 79,9% afirmam prever consequências negativas para a saúde dos
pacientes, caso sejam aprovadas propostas de segmentar planos de saúde por
tipos de procedimentos e outras diferenciações.
Quando
indagados sobre alterações cujo intuito é restringir a lista de procedimentos
de cobertura obrigatória da Agência Nacional de Saúde Suplementar, 83,4% são
contrários.
Por
fim, 86,5% preveem prejuízos aos pacientes com eventual estabelecimento de limite
de cobertura, o que possibilitaria a negativa de procedimentos prescritos fora
dessa lista-base, mesmo que respaldados em evidência científica.